quarta-feira, 6 de junho de 2012
Na janela de Montreuil.
E de um pulo acordou sob o sol que ardia em seus olhos. Não sabia bem ao certo se, passada aquela noite, teria acordado em um outro momento, ou outro lugar que não o da noite anterior. Aquilo de cores, olhos muito abertos e sobretudo o calor não qualificavam como sua vida, pelo menos há alguns anos. Tocou os pés no chão com tamanho cuidado - para não atrapalhar essa sensação despertada - e levantou-se num movimento delicado com medo de acordar, dessa vez, de verdade. Andou um pouquinho até chegar na janela, abriu-a e o que viu deixou-a perplexa. Rosa vermelhas e amarelas, vozes cantando parabéns, coro de risadas, e o Sol. Olhou seu gato na tentativa de que ele talvez mostrasse que aquilo não era uma manhã como qualquer outra, mas nada nele acusava indício de sonho. Um miau preguiçoso, como quem convida, parecia querer dizer: corre, besta, pára de pensar e vem aproveitar essa janela. Um gole d'água foi o último gesto à procura da realidade e, ainda, tudo continuava com uma luz tremenda, uma vontade de explodir-se em cores. E foi aí que, cansada de procurar alguma realidade, sentou-se à janela, por sob as rosas vermelhas e amarelas, e aceitou o presente.
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